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Marku Ribas

Marku Ribas: Uma Saudade

Marku Ribas foi um artista cujo trabalho mereceu muito mais atenção do que recebeu. Ao longo de sua carreira, ele deu ao seu público uma criatividade com alegria e sem medo de correr riscos. O multi-talentoso e espírito-livre Ribas, foi o artista que oficializou a “polirritmia”, uma técnica de produzir sons com o próprio corpo. Suas performances eram hipnotizadoras e demonstravam um músico bem à frente de seu próprio tempo. Foi com tristeza que soubemos de sua morte, no dia 6 de abril, aos 65 anos de idade em decorrência do câncer.

Até mesmo em morte, Ribas demonstrou mais uma vez seu lado alternativo. Durante 2 dias, Twitter e Facebook foram inundados com mensagens de pêsames e despedidas de seus amigos e de quem teve o privilégio de ter trabalhado com ele. Entre eles, o múmusico Ed Motta, que escreveu ” Marku tinha um talento exuberante demais para os parâmetros da período em que surgiu. E ter talento demais sempre foi desagradável/desconfortável para toda corja que compõe o tal meio musical, seja num editorial de revista ou mesmo na cabeça mercantilista, cara de pau dos próprios ditos “artistas” que foram ensinados como gado obediente que a grande virtude é a merda do disco de ouro na parede. O disco de ouro obviamente é uma metáfora, já que o mercado não existe como era…”  Outro músico que prestou uma homenagem a Marku Ribas, foi Pablo Castro, que ainda escreveu sobre ele no presente: “Marku Ribas é um dos mais exuberantes músicos brasileiros do século XX, dono de uma voz que raiava as vibrações da natureza, de presença vigorosa e carismática, um ímpeto incomum e uma carreira das mais inusitadas, tendo lançado seu primeiro disco ainda na década de 60, proposto com o melhor acabamento possível a mistura entre o samba e o funk, vivido anos na América Central, e marcando indelevelmente a cena mineira e brasileira com sua torrente criativa.”

Ed Motta sobre Marku Ribas

Enquanto isso, a  mídia mainstream deu maior importância ao fato de que  uma vez, em 1985,  Ribas participou de um clipe com os Rolling Stones, quase ignorando que ao longo de sua carreira de 50 anos, Marku Ribas gravou 12 álbuns, tocou com vários músicos brasileiros e influenciou muitos outros. Enquanto vivia no Caribe, o artista conviveu com  Bob Markey e ao voltar para o Brasil, ele trouxe em suas malas o Reggae e a filosofia rastafári. Marku Ribas também foi um dos primeiros músicos Brasileiros a viajar para a África com a  intenção de pesquisar novos ritmos.

Talvez, o seu trabalho continuará no circuito alternativo. Quem sabe? Mas o certo  é que ele ainda será descoberto e redescoberto por novos artistas e amantes da  música.

Pablo Castro em homenagem a Marku Ribas

Ao perquisar pelos clipes de seus trabalhos no YouTube, foi difícil escolher apenas um ou dois. ” Colcha de Retalhos”, por exemplo, me fez sorrir e rir espontaneamente. Num arranjo surreal, Ribas conseguiu misturar a melancolia da música sertaneja com o otimismo e energia do samba urbano.  No clipe, é possível ver Rolando Boldrim, um dos maiores promotores do “Sertanejo” no Brasil, se contagiar com o ritmo de seu samba.

Para celebrar a vida e a obra de Marku Ribas, aqui vão alguns  clipes :

Colcha de Retalhos

Zamba Ben

Altas Horas

Just Another Night

(Marku Ribas’ participation as a drummer with the Rolling Stones)

Milton Nascimento portrait

Milton Nascimento e sua banda encantam a noite Londrina

Milton Nascimento portrait

Milton Nascimento

Milton Nascimento abriu o ano de 2013 em  Londres, com um show no Ronnie Scott’s Jazz Club.  Com uma agenda já lotada, não foi possível conseguir uma entrevista cara a cara. Apesar disso consegui dizer “oi” pessoalmente e agradecer pela entrevista por email. Assistir ao show incrível e poder conversar com o Milton, mesmo que brevemente, complementou uma entrevista que inicialmente era vazia do contato humano. Mas acho importante ressaltar que mesmo sem a cor e o ritmo de entrevistas ao vivo, as respostas que o Milton enviou por email, foram diretas e honestas. Foram respostas que me levaram a pensar sobre a produção musical com uma ótica diferente da qual eu estava seguindo.

E quanto ao show …Ah! O show!… O show foi uma experiência que entrou  para a minha lista de coisas que devem ser vividas, ao lado de outras como nadar com leões marinhos nas Ilhas do Galapagos ou ver a Aurora Boreal.  Tal evento me fez refletir  além de questões que possam ser traduzidas com palavras. Talvez por esta razão eu tenha demorando tanto para escrever este artigo.O desafio de descrever este show, com todo o seu lirismo e magia, é grande.

Confesso com uma certa vergonha, que esta foi a primeira vez que fui ao um show do Milton Nascimento. Esta foi também a primeira vez que eu entrava no Ronnie Scott’s Jazz Club – assim como foi a primeira vez, que Milton Nascimento, nos seus 50 anos de carreira, vinha a se apresentar neste clube mundialmente famoso. Estava passando da hora para nos dois. Do bar, dava para ter uma vista privilegiada do palco. Com uma capacidade para 250 pessoas, Ronnie Scott’s tem o tamanho ideal para quem realmente curte música. Os ingressos para o show do Milton  foram  esgotados para os todos as quatro apresentações naquele clube.

A banda da Casa

“Um dia que será difícil de ser batido – entrevistando @milton_bituca para @officialronnies Radio, abrindo o show para ele e cantando “Travessia” (Georgia Mancio no Twitter)”

O show foi aberto pela banda da casa,  “Ronnie Scott’s All Stars”,  com Georgia Mancio como vocalista. Um dia antes, no 25 de Janeiro, ela escreveu no Twitter  ” Um dia que será difícil de ser batido – entrevistando @milton_bituca para @officialronnies Radio, abrindo o show para ele e cantando Travessia” . Georgia compartilhou a entrevista com o publico e repetiu uma estória que ouviu do próprio Milton, quando este interpretou uma música do Tom Jobin, e o viu entrar no palco, bater no piano e dar a bronca: “ Esta não é minha musica!”.  Milton explicou ao Tom Jobim que ele era um intérprete e estava fazendo uma “interpretação”. Em seguida,  Georgia Mancio explicou que também é uma intérprete. De presente,  ela encantou a todos com a sua versão de Travessia. Com James Pearson no piano, Sam Burguess no baixo duplo e Dave Ohm na bateria, foi uma introdução que já fez valer a pena estar naquele lugar. Não! Milton não correu ao palco para interromper  o canto de Georgia, da mesma forma que Tom Jobim o fez. E como poderia? A interpretação de Travessia por Georgia Mancio foi simplesmente belíssima. Ela conseguiu trazer toda a profundeza da emoção que é tão importante para se interpretar uma música tão forte.

Milton entra no palco

Uma banda de peso acompanhou o Milton durante o show. Ele veio com:

  • o pianista  Kiko Continentino,  reconhecido pela sua versatilidade e especialisação na obra de Tom Jobim,
  • o guitarrista Wilson Lopes, que já integrou a banda “Edição Brasileira” com o maestro Mauro Rodrigues,
  • o baixista Gastao Villeroy , que se juntou a banda de Milton para co-produzir e gravar o DVD “Pietá”,
  • o grande baterista Lincoln Cheib, que já foi integrante da banda “Sagrado Coração da Terra”,
  •  o saxofonista Widor Santiago, que é  responsável por inúmeras trilhas sonoras para programas da TV Globo.

“Uma canção sem nome e sem letra, porque uma pessoa esta dentro dela”

Milton entra no palco, caminhando devagar. Os músicos de sua banda o ajudam discretamente a se mover entre os instrumentos e equipamentos, evitando tropeços.  E assim ele  abre  o show cantando Cais. Sua voz etérea, meio gótica, meio angelical, hipnotiza a audiência. E quando começa a cantar “Cravo e Canela”,  este senhor de 70 anos se transforma num gigante jovial. Em um instante, ele nos presenteia com uma canção que compôs para sua Mãe.  Uma canção sem nome nem letra, “porque a pessoa esta dentro dela” – como ele mesmo explicou.

Como nunca poderia faltar, Milton encanta a todos com “Para Lennon & McCartney”  . Num passe de mágica, ele consegue tirar do armário, todos os Brasileiros  presentes no clube. Os Brazucas , que já não eram invisíveis, fazem o coro,  acompanhando a música com o ritmo de palmas. Milton improvisa bem no estilo jazz e faz um refrão da parte “do lixo occidental”, caminha em direção a platéia e aponta o microfone para o público,  que repete melodicamente:  “do lixo, do lixo, do lixo occidental” . Todos continuam juntos a cantar com muita animação:  “Eu sou da América do Sul / Porque vocês não vão saber/ Mas agora eu sou cowboy/ Sou do Ouro/ Eu sou vocês/ Sou do mundo/ Sou Minas Gerais/”.  O momento foi simplesmente catártico. Era mais do que música. Era como ouvir um recital de poesia cheio de rebeldia discreta e gosto pela vida.

Ao tocar Maria Maria, uma música sobre força e coragem, toda a audiência se transformou em Marias, incluíndo o próprio Milton Nascimento, que nos mostrou toda sua garra, sua dor,  sua alegria, sua graça e sua habilidade de sempre ter um sonho. A este ponto, o público Britânico, já tinha perdido sua  formalidade e resistência, e também se transformou em “Marias”, acompanhando a música com palmas e cantando o refrão final “ La ue la laaa la ue la la la la ue, la la la laaaaa lau eu, la la la la la ra la la, la ra la ra la la la la la….” E assim continuamos a repetir o final da canção, que na verdade, não queríamos que terminasse – a nossa própria resposta para “Hey Jude”. De repente o refrão de Maria Maria se misturou com “Mais um, Mais um, Mais um” enquanto Milton e sua banda se retiravam do palco. Alguns minutos depois eles retornam para fechar a noite com a sublime  “Travessia”.

Conversando com o Milton

Foram não mais que cinco minutos que consistiram de um introdução, um aperto de mão e um muito obrigada por enviar as respostas das minhas perguntas por email. O gigante jovial ainda estava presente, mas em sua forma humana, que é ainda mais interessante, mostrando todas marcas do tempo bem  neste nosso planeta. Haviam muitas perguntas que eu gostaria de fazer, mas depois de um show tão intenso,decidi não incomodá-lo por mais do que aqueles cinco minutos.  Assim dizendo,  me contentei com as respostas enviadas por ele, alguns dias antes.

Respostas reveladoras a perguntas mal pesquisadas

Devo reconhecer que  algumas das perguntas que enviei ao Milton Nascimento foram mal pesquisadas. Não é que eu estava totalmente por fora. Mas Milton Nascimento é um artista com uma presença significante em Minas Gerais. E difícil lembrar que ele nasceu no Rio e tem morado na capital carioca por mais de 40 anos. Em tudo que se refere a Minas Gerais, suas canções inevitavelmente surgem como fundo musical. Por mais que ele insista que não é de Minas, o estado montanhoso  o adotou na marra como um de seus filhos mais ilustres. Mas ele deixou bem claro, que não faz música mineira: Milton  faz música. Ele também revelou que nunca levou a sério o rótulo ” World Music” e que o Clube da Esquina nunca foi um clube “Uai”. 🙂

Berimbaudrum introdução: Os últimos desenvolvimentos em Mídia Digital, especificamente em relação a distribuição, afetou profundamente a indústria de música, levando grandes gravadoras e distribuidoras ao colapso financial, como recentemente vimos a liquidação da HMV. Ao mesmo tempo, estes mesmos desenvolvimentos trazidos pela web (itunes, soundcloud, youtube, etc…) criaram oportunidades que não existiam antes para músicos independentes. A percepção  é  a de que músicos independentes Brasileiros são os mais pro-ativos no uso das mídias digitais, não apenas em termos de divulgação, como também de distribuição e desenvolvimento.  Poderíamos dizer que, mais do que nunca, através da Internet, os músicos Brasileiros estão indo “aonde o povo esta”, como você canta em os Bailes da Vida.  Apesar da diferença ser   de que muitas das estradas de terra dos internautas são virtuais, a Internet é ainda como se fosse um sertão, um velho oeste, que ainda exige muita determinação, energia e fé. Temos por exemplo, a banda mineira ” Graveola e o Lixo Polifonico “, que lançou todos os seus álbums na web. Baseando nestas informações, as minhas perguntas a você, Milton, são:

Ronise:  Se você estivesse começando a sua carreira hoje, qual seria a direção que você tomaria, considerando que as oportunidades e barreiras são muito diferentes ?

  • Milton Nascimento : É impossível pensar nisso, até porque eu não comecei minha carreira calculando que direção tomar. Inclusive, eu nunca fiz projeção de nada em toda minha vida. Assim como eu nunca gravei disco ou participei de algum projeto pensando num objetivo, numa finalidade, principalmente comercial. A única coisa que eu penso é na música em si e, se isso vai me trazer algum retorno, é apenas uma consequência da dedicação àquilo que eu amo.

Ronise: Quando você começou a sua carreira,  estávamos passando por mudanças muito profundas na nossa sociedade, apesar da opressão militar em quase todos os aspectos da vida dos Brasileiros. Hoje, temos um Brasil com um nível admirável de participação popular política,   cumprindo a promessa da nação do futuro. Qual é a sua visão desta nova realidade como artista, como cidadão do mundo, como Brasileiro, como Mineiro e como pessoa?

  • Milton Nascimento: Sem dúvida nenhuma que tivemos um avanço enorme no Brasil nos últimos anos, mas infelizmente ainda existe uma lista enorme de coisas que ainda precisam ser feitas. E o primeiro ponto que deve ser abordado com extrema urgência é a questão educacional. Se os governos dessem prioridade à educação de nossas crianças mais da metade de nossos problemas seriam resolvidos. É inaceitável um país com tantos recursos ter um dos piores níveis educacionais do planeta. As universidades públicas, assim como as escolas, estão completamente sucateadas e, o pior, os professores ganham mal e os alunos não tem qualquer tipo de estrutura. Como vamos ser o país do futuro se não cuidamos de nossos jovens?

Na verdade, eu não levo muito a sério esse negócio de World Music, pois pra mim, tudo é música e ponto final.

Ronise: A internet esta contribuindo para a promoção da tão chamada World Music, o que muitos críticos  consideram como o novo Rock in Roll. Evidentemente o termo “World Music” surgiu de uma perspectiva Britanica-Americana. Quais mudanças você prediz em relação ao espaço conquistado pela  música Brasileira na categoria World Music?

  • Milton: Na verdade, eu não levo muito a sério esse negócio de World Music, pois pra mim, tudo é música e ponto final. E o espaço da música brasileira no mundo começou a ser traçado desde que Pixinguinha correu o mundo com Os Oito Batutas. Depois disso, veio o furacão da Bossa Nova, com Tom, João e Vinicius abrindo os caminhos para a geração que veio depois, Gil, Caetano, Chico… Então, hoje a música brasileira já alcançou seu espaço há muito tempo.

Ronise: O seu estilo musical, e em geral, o estilo musical em Minas Gerais, ( pelo qual você tem recebido créditos como um dos músicos de maior influencia), se destaca de forma distinta por fugir de muitos dos estereótipos difundidos sobre o Brasil no exterior. Porem grande parte destes estereótipos são causados pela perda de valores culturais durante a tradução. Com a sua experiência fora do Brasil, o que você acredita serem os pontos de maior risco de serem estereotipados em relação a musica mineira, e quais são os pontos capazes de resistir a esta tendência?

  • Milton: Mais uma vez tenho que dizer, eu nunca faço nada pensando num objetivo final. Outra coisa, eu não faço música mineira, eu simplesmente faço música. E quem coloca os estereótipos é uma parcela da imprensa que sempre tende a rotular tudo.

Ronise: Milton, acredito que como artista, você serviu de inspiração a uma série de músicos que te seguiram desde a década de 70 ate agora. E isto não apenas em termos de estilo musical, como também e principalmente no espírito independente, inovador e próximo da audiência. A minha percepção e a de que os artistas independentes mineiros de hoje tomaram para si a frase ” todo artista deve ir aonde o povo esta” seriamente como um mantra que seguem dia a dia. Porem, há ainda aqueles que consideraram o liderança musical de Minas nas décadas de 70 ate 90, dito o “Clube da Esquina”, como um clube exclusivo e fechado, monopolizando a cena musical de Minas. Qual e a sua percepção e posicionamento neste assunto?

Primeiro, o Clube da Esquina nunca foi um clube. Um clube tem que ter sócios, sede e estatuto. E o Clube da Esquina também nunca foi um movimento, porque movimento tem que ter certo embasamento sociológico. Clube da Esquina é apenas uma calçada entre as ruas Divinópolis e Paraisópolis localizado no bairro de Santa Tereza onde um grupo de amigos se reunia nos anos 1960\1970 pra fazer música e jogar conversa fora.

  • Milton:Primeiro, o Clube da Esquina nunca foi um clube. Um clube tem que ter sócios, sede e estatuto. E o Clube da Esquina também nunca foi um movimento, porque movimento tem que ter certo embasamento sociológico. Clube da Esquina é apenas uma calçada entre as ruas Divinópolis e Paraisópolis localizado no bairro de Santa Tereza onde um grupo de amigos se reunia nos anos 1960\1970 pra fazer música e jogar conversa fora. Agora, não entendo isso que você falou de monopólio. Se for assim, então Skank, Jota Quest, Pato Fu e Sepultura monopolizam a cena do rock mineiro e, por serem bandas, podem ser consideradas ainda mais fechadas e exclusivas do que qualquer coisa. Outra, não sei se você sabe, mas eu moro no Rio de Janeiro desde 1967, então, como eu posso fazer parte de um cenário monopolizado do qual eu me encontro fora há mais de quarenta anos? Ao invés de discutirmos “monopólio” e “exclusivo” poderíamos falar de como Minas Gerais entrou no mapa da música mundial depois do trabalho feito por nós a partir dos anos 1960 e o trabalho feito hoje por Sepultura, Skank e muitos outros talentos que surgiram depois da gente.
Tizumba Banda AfroReggae

Tizumba: Resgatando e valorizando a cultura Afro-Brasileira

 

Eu tenho planejado escrever sobre Tizumba desde a primeira edição do Berimbaudrum. Eu nunca poderia falar sobre a música de Minas Gerais, sem falar de Maurício Tizumba. Quando eu o conheci durante as Calouradas da Fafi-BH, em 1990, todos nós poderíamos ver que este músico era realmente especial. Seu sorriso espontaneo e a sinceridade em seus olhos, que eu tentei capturar em uma foto, tornou-se um tipo de ícone que utilizamos no material de divulgação do nosso DCE (Departamento Central de Estudantes).

Mauricio Tizumba nas Calouradas da Fafi-BH em 1990

Mauricio Tizumba nas Calouradas da Fafi-BH em 1990

Maurício Tizumba é considerado pela crítica brasileira como uma  show-man completo. O cantor, ator, dançarino, comediante e compositor do estado de Minas Gerais, tem impressionado o público por mais de 30 anos. Seu carisma é de quebrar qualquer gelo e suas apresentacoes são cheias de humor e originalidade. No entanto, o trabalho de Tizumba é coerente e consciente.

Durante toda a sua carreira, ele tem se empenhado em resgatar e renovar as tradições culturais de uma forma ludica, inspiradora e educativa. Em 1996, juntamente com Regina Spósito, Maurício Tizumba criou a  Cia Burlantis, com o objetivo de democratizar o acesso do público às artes. Cia Burlantis tem, desde a sua criacao, conquistado diversos prêmios com suas produções scenico musicais realizadas nas ruas, parques, fábricas, universidades, festivais de teatro e muitos outros lugares e eventos em Minas Gerais.

Tizumba também tem estado ocupado promovendo o Congado. Em 2002, ele fundou o curso “Tambor Mineiro”, no qual, de uma forma lúdica,  os alunos aprendem os ritmos, passos de dança e canções do Congado . Os alunos do Tambor Mineiro vêm se apresentando com frequência e cativando o público por onde quer que passem.

Maurício Tizumba Official Links

http://www.tizumba.com/

http://www.festejotambormineiro.com.br/

English/ Ingles

Clube da Esquina

Clube da Esquina: 40 anos de música e poesia

Um dos movimentos  musicais mais poéticos do Brasil, se não o mais, completa 40 anos. O Clube da Esquina começou em 1963, quando Milton Nascimento conheceu os irmãos Lô Borges e Márcio Borges. Milton Nascimento, o mais famoso cantor e compositor de Minas Gerais, já era conhecido pelo publico com a sua voz afinadíssima e com uma qualidade quase hipnótica. Nascimento apresentou os irmãos Borges a Wagner Tiso e o resto de sua Banda. Outros músicos, como Tavinho Moura, Fernando Brant, Ronaldo Bastos, Beto Guedes, Flávio Venturini e 14Bis juntaram-se ao coletivo, durante o resto dos anos 60 e 70.

Em 1972, Milton Nascimento e Lô Borges lançaram o álbum “Clube da Esquina”, e é assim que o nome ficou gravado na História da Música Popular Brasileira. “Clube da Esquina” marcou um novo movimento musical cheio de renovação estética, melodia e fusão de ritmos tradicionais e originais. Suas influências foram diversas. Eles exploraram canções folclóricas e tradicionais, a Bossa Nova urbana, adicionaram toques de pop britânico e da psicodélia Californiana , como também se utilizaram de arranjos ousados ​​inspirados na obra dos Beatles. E tudo o que aconteceu durante um período muito difícil sob o olhar atento dos censores militares.  O primeiro álbum do Clube da Esquina  nos presenteou com canções como:

O Trem Azul

Cais

Cravo e Canela

Um Girassol da Cor de seus Cabelos

Paisagem na Janela

Graveola

Graveola e o Lixo Polifonico

De lixo eles não tem nada! Graveola e o Lixo Polifônico  é uma banda formada pelo tipo de artistas que realmente gostam do que estão fazendo. Como tal, eles podem se dar ao luxo de ignorar qualquer estratégia batida de marketing concebida pela indústria da música. Para escrever sobre Graveola, eu passei um dia inteiro ouvindo suas músicas. No início, eu não conseguia ouvir qualquer diferença de qualquer outro samba. No entanto, cada cancao trazia uma surpresa com a originalidade da banda se desdobrando com elegância . Esta elegância  é natural e despojada de qualquer pretensão. Os músicos brincam com uma mistura de estilos: folk, rock, funk, blues e samba. A voz aveludada de José Luiz Braga é rara e nos faz lembrar dos cantores de radio da década de 50. Não tenho nenhuma dúvida de que  a maioria de vocês vão concordar que o seu canto é cativante.

Há alguns momentos em que Graveola nos faz lembrar da Tropicália, mas eles chegam com uma produção mais calma, afinal de contas, os tempos são outros. No entanto, assim como os músicos que revolucionaram a música brasileira durante o difícil período militar no Brasil, Graveola, e uma série de outros artistas, estão transformando o estado de Minas Gerais em uma nova cena da música brasileira.

Em Setembro de 2012, eles se apresentaram em Grécia, durante a Womex, uma das mais importantes feiras mundiais de música do mundo. Juntamente com outros músicos de talento igual, como Makely Ka, eles estão trazendo a atenção do mundo para a música de Minas Gerais .

Links Oficiais

http://www.graveola.com.br

http://www.maisumdiscos.com/graveola

http://itunes.apple.com/gb/album/farewell-ep/id568678973

http://www.myspace.com/graveolaeolixopolifonico

 

Makely Ka por Soares

Makely Ka e o seu Cavalo a Motor

Não é raro ver uma lista de diferentes especializações, carreiras e funções de trabalho na biografia de um número de brasileiros. Talvez devido a períodos de recursos limitados, não tivemos escolha, mas para diversificar nossas habilidades, através do uso de chapéus diferentes ao mesmo tempo. Ou, talvez, este é apenas intrínseca ao modo de vida brasileiro. Afinal, o Brasil é um país muito diversificado em termos de pessoas, paisagens e culturas. É possível que seja esta combinação que produz artistas com uma abordagem holística, empreendedora e flexível. Makely Ka é um desses artistas. O compositor, poeta, escritor, compositor, editor de revista e viajante de Minas Gerais, é uma máquina criativa.

Seu projeto mais recente, “Cavalo Motor”, o levou para uma aventura através do sertão brasileiro, onde ele mergulhou profundamente nas raízes da cultura popular brasileira, assimilando elementos da tradição oral, como contar histórias, língua-travas e canções  folclóricas.

“Cavalo Motor” é baseado no livro épico de João Guimarães Rosa, “Grande Sertão Veredas”. Montado em uma bicicleta e equipado com um computador sempre connectado à Internet,  Makely Ka percorreu os mesmos caminhos que Riobaldo, o personagem principal do livro de Guimarães Rosa. A idéia era representar uma relação simbiótica entre homem e máquina. O computador que lhe permitiu relatar sua aventura em tempo real através da Internet, foi alimentado pela energia produzida a partir de suas muitas horas pedalando. O cavalo motorizado, ele está se referindo, é a Internet e não a bicicleta. Makely, o ciclista, torna-se a interface entre duas tecnologias diferentes. Através deste projecto, o artista traça um paralelo entre o passado eo presente do sertão, protestando contra o desenvolvimento insustentável e predatório da região, com suas monoculturas de soja e eucalipto,  fornos de carvão e exploração destrutiva dos minerais . Ao mesmo tempo, ele vê “Cavalo Motor” como um meio de renovar a esperança e reabrir novos caminhos para a civilização humana.

Links Oficiais

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http://www.myspace.com/makelyka