Marku Ribas: Uma Saudade

Marku Ribas foi um artista cujo trabalho mereceu muito mais atenção do que recebeu. Ao longo de sua carreira, ele deu ao seu público uma criatividade com alegria e sem medo de correr riscos. O multi-talentoso e espírito-livre Ribas, foi o artista que oficializou a “polirritmia”, uma técnica de produzir sons com o próprio corpo. Suas performances eram hipnotizadoras e demonstravam um músico bem à frente de seu próprio tempo. Foi com tristeza que soubemos de sua morte, no dia 6 de abril, aos 65 anos de idade em decorrência do câncer.

Até mesmo em morte, Ribas demonstrou mais uma vez seu lado alternativo. Durante 2 dias, Twitter e Facebook foram inundados com mensagens de pêsames e despedidas de seus amigos e de quem teve o privilégio de ter trabalhado com ele. Entre eles, o múmusico Ed Motta, que escreveu ” Marku tinha um talento exuberante demais para os parâmetros da período em que surgiu. E ter talento demais sempre foi desagradável/desconfortável para toda corja que compõe o tal meio musical, seja num editorial de revista ou mesmo na cabeça mercantilista, cara de pau dos próprios ditos “artistas” que foram ensinados como gado obediente que a grande virtude é a merda do disco de ouro na parede. O disco de ouro obviamente é uma metáfora, já que o mercado não existe como era…”  Outro músico que prestou uma homenagem a Marku Ribas, foi Pablo Castro, que ainda escreveu sobre ele no presente: “Marku Ribas é um dos mais exuberantes músicos brasileiros do século XX, dono de uma voz que raiava as vibrações da natureza, de presença vigorosa e carismática, um ímpeto incomum e uma carreira das mais inusitadas, tendo lançado seu primeiro disco ainda na década de 60, proposto com o melhor acabamento possível a mistura entre o samba e o funk, vivido anos na América Central, e marcando indelevelmente a cena mineira e brasileira com sua torrente criativa.”

Ed Motta sobre Marku Ribas

Enquanto isso, a  mídia mainstream deu maior importância ao fato de que  uma vez, em 1985,  Ribas participou de um clipe com os Rolling Stones, quase ignorando que ao longo de sua carreira de 50 anos, Marku Ribas gravou 12 álbuns, tocou com vários músicos brasileiros e influenciou muitos outros. Enquanto vivia no Caribe, o artista conviveu com  Bob Markey e ao voltar para o Brasil, ele trouxe em suas malas o Reggae e a filosofia rastafári. Marku Ribas também foi um dos primeiros músicos Brasileiros a viajar para a África com a  intenção de pesquisar novos ritmos.

Talvez, o seu trabalho continuará no circuito alternativo. Quem sabe? Mas o certo  é que ele ainda será descoberto e redescoberto por novos artistas e amantes da  música.

Pablo Castro em homenagem a Marku Ribas

Ao perquisar pelos clipes de seus trabalhos no YouTube, foi difícil escolher apenas um ou dois. ” Colcha de Retalhos”, por exemplo, me fez sorrir e rir espontaneamente. Num arranjo surreal, Ribas conseguiu misturar a melancolia da música sertaneja com o otimismo e energia do samba urbano.  No clipe, é possível ver Rolando Boldrim, um dos maiores promotores do “Sertanejo” no Brasil, se contagiar com o ritmo de seu samba.

Para celebrar a vida e a obra de Marku Ribas, aqui vão alguns  clipes :

Colcha de Retalhos

Zamba Ben

Altas Horas

Just Another Night

(Marku Ribas’ participation as a drummer with the Rolling Stones)

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